Profissionais chumbam campanha eleitoral de Lisboa
A campanha para as eleições intercalares para a Câmara de Lisboa não trouxe nada de novo, afirmam os especialistas em comunicação contactados pelo M&P.
Filipe Pacheco
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A campanha para as eleições intercalares para a Câmara de Lisboa não trouxe nada de novo, afirmam os especialistas em comunicação contactados pelo M&P.A comunicação em outdoor, que é dos meios mais usados pelos políticos durante os períodos eleitorais, é considerada por todos conservadora, má e pouco desafiadora. Ricardo Monteiro, presidente da Euro RSCG Portugal, analisa alguns casos. Relativamente a António Costa, candidato do PS que vai à frente nas sondagens, descreve: “A comunicação é muito cafona, envelhecida e muito dirigida a pessoas de 40 a 60 anos. É uma mensagem típica de quem está por dentro do establishment político, ou seja, conservadora, sem desafio e pouco apelativa”. E, embora admita que esta estratégia tenha sido utilizada para se adequar a esse público-alvo, o responsável da Euro RSCG acaba por sentenciar “que não tem qualquer arrojo”. Ao referir-se à campanha de Fernando Negrão, candidato do PSD, afirma que, embora pretenda ser arrojada, acaba por transmitir uma mensagem contra o governo, o que, no seu entender, “é ridículo e deslocado”. E explica: “Com a mensagem que está colocada nos cartazes, a campanha social-democrata acaba por ser de oposição ao governo da nação e não uma candidatura à CML”. Considerando as outras campanhas igualmente pobres, há, porém, uma que, para Ricardo Monteiro, destaca-se pela positiva, a de José Sá Fernandes, candidato do Bloco de Esquerda. “Em termos de criatividade, é a mais profissional e aquela que mais se destaca, uma vez que é aquela que contém uma mensagem mais facilmente apreendida pelas pessoas, Pelo menos ali, as pessoas sabem que está uma candidato anti-establishment”, afirma. Contudo, “o defeito que encontro é a mensagem passar num tom demasiado 'publicitoso', no sentido em que não existe talvez ali a seriedade necessária, sendo que com a exiguidade de meios de que dispõem é difícil fazer passar uma mensagem positiva.”
José Carlos Campos, director criativo da Strat, é igualmente da opinião que, neste aspecto, a campanha de Sá Fernandes é aquela que mais se destaca pela positiva. “De todas elas, considero que é a mais interessante”, lamentando, no entanto, que “sendo a campanha de um partido que, ao longo da história recente, foi extremamente criativo, provavelmente esperaria um pouco mais da campanha do José Sá Fernandes. Mas considero a melhor dentro de uma bitola muito baixa”.
Susana Monteiro, directora-geral da Parceiros da Comunicação faz uma avaliação negra da campanha. “Em traços gerais, a avaliação que faço desta campanha é muito negativa, uma vez que não estamos a assistir a propostas políticas, mas a uma guerrilha partidária, sobretudo entre o PS e O PSD”, começa por referir, apontando, de seguida, as baterias aos candidatos em geral: “Lisboa merece um debate com propostas claras, concretas e estamos a assistir a tudo menos isso. Os lisboetas não merecem o que está a acontecer nesta campanha, pois não sabe identificar as ideias de cada um”, aponta.